Nunca tinha visto a ponte sobre o Tejo ( 25 de Abril - Salazar) sob a perspectiva "linha do combóio", mas um destes dias, muito recentemente, por razões profissionais, tive de a atravessar neste maravilhoso meio de transporte.
O mar/rio parecia estar mais perto, existem escadas na ponte que regularmente aparecem a subir ( ous a descer) dos lados da ponte, o Cristo-Rei fica mais acima parece que vai atingir o Céu, os barcos parecem maiores e mais rápidos, quase que se podem tocar com mão. Enfim, tudo parece mais próximo e maior.
O combóio para mim constitui um meio de transporte romantico/profissional muito engraçado, onde todos vamos tão próximos quanto distantes, com atenção a tudo, ou a nada, e onde podemos ir concentrados em assuntos de diversas ordens e variedades.
Traz-me à lembrança os livros de Eça e as viagens que os seus personagens muitas vezes realizavam no meio de enredos intrigantes, ou ainda, a Índia, onde há pessoas a literalmente "transbordar" destes veículos, como a água que transborda de um copo.
É uma viagem agradável onde se pode "pôr a escrita em dia" de diversas formas:
conversando com alguèm conhecido,
lendo "aquele" livro que deveriamos ter lido há 2 meses,
conversando com o vizinho do lado que não conhecemos mas que inicou uma conversa mundana, ou politica, ou futebolistica, ou de outra natureza qualquer connosco,
lendo uma revista cor-de-rosa, ou azul ou multicolor, que comprámos na tabacaria antes de embarcar,
passando os olhos pelo jornal do vizinho que está no banco da frente ou no banco do lado, (no banco de trás não dá muito jeito...),
falando ao telemovel ou enviando sms,
trabalhando no portátil para terminar "aquela" apresentação para hoje,
ou pura e simplesmente admirando a paisagem absortos nos nossos pensamentos.
É por tudo isto, para mim, uma viagem fantástica, e, seria ainda anti-stress se um grupo de pessoas que entraram 3 ou 4 paragens depois da "minha" não viessem a fazer um chinfrim infernal, em discussão acesa sobre horas extra pagas que o patrão quer que eles, e elas, façam.
Bom, e aqui termina a minha viagem por hoje ... vou sair para o mundo real pois já tenho ali alguém a acenar-me de fora da janela, com um sorriso de "bem-vinda"... é bom saber ...
Até mais ver !
SINTRA,
